Depois de um dia em que quase surtei, chorei muito, e demorei a dormir. Chorei com a dor de estar sempre em crise, de depender de reações fármaco-químicas para me manter viva. Viva e automática.
Deixar de pensar, deixar de ter sonhos. Viver apenas por viver. Viver incompreendida.
A dor de não ter sucesso em um mísero pleito por dignidade. De saber que jamais terei um atendimento de gente no SUS. Que serei só suportada. Que serei achincalhada em minha individualidade. Que um psiquiatra insensível vai me olhar com cara de paisagem e dizer pra voltar pra casa porque estou fazendo-o perder tempo com minhas crises e minhas queixas.
A dor de cabeça. Cabeça que pensa mil coisas por minuto. Que pensa no trabalho que você deixa acumulado e que depois não está porque repassaram. Repassaram porque algum outro e não você repassou. Porque no fundo eu não sou lá tão considerada. Porque no fundo eu não mereço nenhum respeito.
A dor. A dor que me acompanha e me acompanhará sempre. Pelo simples delito que cometi de ter resolvido nascer e viver.
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