sexta-feira, 28 de junho de 2013

Vídeo: Irã, operação por necessidade ou por obrigação?

A médica hoje me pôs também duas colocações interessantes sobre as quais não dissertei no post anterior. A primeira foi sobre a troca de prenome, que pode ser conseguida mesmo sem a cirurgia de transgenitalização; neste caso muda-se apenas o prenome, mas o sexo anatômico continua lá no registro, coisa que só é mudada após a operação.

A segunda, que é a motivação deste post, foi a "pergunta do milhão" que ela fez: "Você quer fazer a cirurgia"? Respondi contundentemente: "Não sei". E não sei mesmo. Será que passar mais de oito horas numa maca sob uma intervenção arriscadíssima e dolorosa tem toda essa capacidade de transformar a minha vida?

E então me lembrei de um doc que vi publicado no blog da Denise Cristina, sobre as operações de transgenitalização no Irã, que foi exibido no GNT. Diferentemente do doc que eu havia postado anteriormente sobre o tema, este trata de um aspecto muito particular: pessoas que passam pela transgenitalização mesmo sem ter esse desejo.

Explicação: segundo as doutrinas da sharia, a lei islâmica, a homossexualidade é pecado (por conseguinte, crime) e é punida com a morte; porém o Irã não encontrou nada no Alcorão que criminalizasse a mudança de sexo. Muit@s então optaram por submeter-se à cirurgia, como forma de não serem vistas como "anormais" dentro da sociedade iraniana e não serem presas por "violação dos bons costumes" ao vestir-se com roupas femininas.

Algumas das entrevistadas no documentário dizem que se pudessem, não realizariam a cirurgia; estavam se submetendo a ela em respeito ao Islã. Vi o vídeo já faz um bom tempo, portanto não lembro se foi falado em índice de suicídios entre quem passa pela transgenitalização lá, mas creio que deve ser um valor alto.

Uma conclusão: esse é um dilema, e uma situação dolorosa, que só ficam em evidência quando um sistema religioso passa a reger o convívio social, adequando-o aos seus dogmas. A sociedade iraniana é prova cabal desta tese. A Turquia passa por conflitos sangrentos para evitar que isso aconteça por lá também. Nas Américas, o extremismo evangélico vai ganhando um espaço assustador e já mostrou o estrago que é capaz de fazer: desde a aprovação da Prop 8 nos Estados Unidos até o ridículo projeto da "cura gay" no Brasil.

Pois... ao vídeo, enjoy.


Nenhum comentário: