Imagino que um dia minha alma poderá ser levada num passeio inebriante pela sensação mais complexa de se conseguir. Sua complexidade se deve ao fato de necessitar incondicionalmente de outra alma que esteja disposta a se inebriar no mesmo passeio. Se há duas almas, mas só uma que realmente se envolva nessa ebriedade, é outra sensação, ilusão una, criação de uma mente fértil.
Recordo-me de um filme que assisti há algum tempo. Franco-iraniano. Um músico que só se tornaria digno de ser assim chamado se captasse "o sopro". E ele o captou, depois de se distanciar de sua única amada, pois o pai dela não aprovava a relação; afinal, ele era um músico, e só música não sustentava uma família. A tristeza se expressava em sua música, e essa ligação era tão forte, que quando seu violino foi quebrado pela mulher com quem se casou sem amor, ele decidiu morrer, pois não achava mais nenhum sentido na vida.
Nossa vida se faz assim também, de pequenas mortes. Mortes simbólicas. São como violinos que se quebram, alguns até antes mesmo de serem tocados. Pequenas mortes simbólicas que são libertações. Para que logo se tenha a habilidade de se inebriar novamente, em novas aventuras, em ilusões gêmeas que se completem e formem sopros que inspirem.
Música da noite: Fiorella Mannoia - L'altra metà
Eu não sei mais quem sou, e o meu nome não vai me ajudar
E não tenho mais perdão, nem medo de sair daqui
Seguirei teu perfume e teu olhar vai me iluminar
Amor meu, amor não mais meu
Pobre amor meu, pobre amor não mais meu
P.S.: Caso haja interesse, o nome do filme que citei é "Poulet aux prunes", dirigido por Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud. Confesso que dormi ao final, pelo filme ser um tanto lento, mas creio que consegui captar a história principal do filme.
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