sábado, 10 de maio de 2014

Interpretando Conchita

Os mais ligados na internet já devem ter lido a notícia da vitória de Conchita Wurst no concurso da Eurovision esta noite, dividindo opiniões. Pra quem não viu ainda, esta é Conchita, que competiu pela Áustria.



Eu subo até o céu
Vocês me derrubaram mas eu vou voar
E surgir como uma fênix das cinzas
Buscando ao invés de vingança, retribuição
Vocês foram alertados
Assim que eu me transformar, assim que eu renascer
Vocês sabem que vou surgir como uma fênix
Mas vocês são minha chama!

Pois bem, de um lado temos os sólitos comentários preconceituosos sobre "como essa porra ganhou?", "ganhou por ser travesti", "ganhou por ter barba", entre outras bobagens. De outro temos o discurso de libertação propagado pela comunidade LGBT europeia, que aclamou a votação dos 37 países que participaram do concurso este ano.

O que eu penso? Penso que uma figura tão diferente como Conchita, personagem crossdresser criada por Tom Neuwirth (antes de virem com a história de "travesti de barba", sugiro que leiam este artigo), é claro que gera nas pessoas uma curiosidade além do normal. Afinal, nem mesmo na moderna e tolerante Europa (digo moderna e tolerante em comparação com o pensamento medieval brasileiro) vemos com frequência personagens deste tipo.

Tudo nela gera curiosidade. A começar pelo nome. Como assim alguém chamado Conchita? E ainda por cima Wurst (que em alemão quer dizer salsicha)? E essa barba? Isso rompe com absolutamente tudo que pensamos de uma trans, crossdresser, ou outras denominações do tipo.

Gosto de pessoas que rompem com estereótipos. Ainda que de uma forma chocante como Conchita.

Tenho que admitir que realmente não torcia pela concorrente austríaca nesta Eurovision, simplesmente porque achei a música muito chata. Aliás, nem achava que ela se classificaria para a final de hoje. Mas como historicamente, bem, a Eurovision não é um concurso que elege necessariamente a melhor música, talvez haja uma mensagem que a Europa nos queira passar.

A de que ser diferente além de ser chocante pode ser também cativante.

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